Ano VII

Vale tudo pelo poder?

domingo abr 8, 2012

Tudo pelo Poder… este é o nome do filme de George Clooney (2011) que retrata perfeitamente o cenário em que nossa sociedade vive nos dias de hoje.

No filme podemos ver Stephen Myers (Ryan Gosling), um jovem idealista que realmente acredita na democracia, na mudança e no amor à pátria. É assessor de imprensa de Mike Morris (George Clooney), governador democrata, candidato à corrida presidencial nos Estados Unidos.

É fiel ao governador e a seu amigo Paul (Philip Seymour Hoffman), que, por sua experiência na vida política, é o responsável pela campanha. Stephen é apaixonado pelo que faz, desempenha suas atividades com entusiasmo e acredita que Morris quer mudar o cenário político em que os EUA vivem, que é um homem diferenciado.

O assessor Tom Duffy (Paul Giamatti), que cuida da candidatura da concorrência, arma uma cilada para que Stephen perca a confiança de Paul e seja expulso do partido de uma forma sórdida e avassaladora. Ao se ver desempregado e desamparado, começa a descobrir uma serie de jogos sujos e traições políticas em nome do poder, vindos de todas as partes.

Aos poucos, a imagem que ele possuía do universo político e de seus participantes começa a desmoronar, e junto com ela, seus valores e conceitos, transformando por completo sua maneira de enxergar a política, seus ideais, crenças e objetivos, tornando-o apenas mais um integrante desse jogo sujo.

Infelizmente, nosso quadro político de hoje em dia é tão destorcido quanto o do filme. Massas de manobras, sujas e sem ética, distorção de valores e ideais, para camuflar ações, candidatar corruptos, ludibriar a população, extorquir e alcançar poder.

 

Abismada com essa reflexão que o filme me dispôs a fazer, me deparo com a maior e mais grotesca prova de que os ideais políticos de hoje são meras conveniências.

Nunca fui fã do PT, mas uma coisa sempre reconheci: o partido era estruturado e tinha ideais, gritava e lutava por uma base sólida, e não se fragmentou como o DEM, onde cada integrante pensa e age por um ideal distinto. Aos poucos o DEM se fragmentou tanto que perdeu sua força e viço político, deixando o PT sem um concorrente realmente à sua altura. Mas, como tudo no universo político muda, o PT também conseguiu mudar e surpreender a todos, mostrando que seus ideais também têm um  preço: o poder.

 

Foi divulgado há pouco que o nosso excelentíssimo Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da Republica, idealista que sempre lutou a favor do proletariado, da plebe, que participou de um zilhão de greves, iria apoiar a candidatura de nosso ilustre elitista e autoritário prefeito Gilberto Kassab, a fim de conseguir votos dos mais conservadores.

E onde fica o ideal e a integridade política? Como se apoia e alia à extrema oposição ideológica? Será que um conservador de direita governa com os mesmos critérios e pontos de vista de um ativista de esquerda?

Na semana passada, pudemos presenciar mais um “ringue” em nossa câmara, onde opositores partiram para a agressão física. Sim, aqueles mesmos que deveriam mostrar à sociedade formas diplomáticas de se lidar com as pessoas, meios de acabar com a violência e leis para puni-la. Onde estão os valores e ideologias gritados aos quatro cantos do País? Quais as medidas que os partidos e os outros detentores das cadeiras tomaram? Onde essas pessoas nos representam? Quais os reais valores que existem para cada um deles e qual o preço para a distorção deles?

 

A luta cada vez mais acirrada pela política deixa de ser por visões, formas de vida e modelos econômicos; passa a ser única e exclusivamente por poder. Fazem de tudo para alcançar o cargo, precisam ocupar as cadeiras e gozar de uma vida morna. Afinal, quem se importa com a política, valores e ideais nos dias de hoje?

Cada vez mais, são utilizadas ferramentas para alienar a população e manter tudo “em panos quentes”. Está tudo escancarado aos nossos olhos, e nós, por comodismo e ignorância, alimentamos essa corja sem ideais numa corrupta luta por poder.

 

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Já que estamos falando de política e perto de novas eleições, gostaria de deixar um ponto muito importante explícito aqui. Não apenas por um grito de indignação, mas por uma consciência e responsabilidade social.

Vivemos em um universo em que a falsa promessa de educação e cultura é eletiva. Uma população burra é facilmente manipulada. Enquanto não soubermos da verdade, não tivermos conhecimento e consciência absoluta de nossos direitos e deveres, continuaremos sendo ludibriados, e essas promessas nunca se realizarão, pois a ignorância é conveniente para os “poderosos”, e a esperança de que ela não mais exista nos faz votar.

 

Não sei o que faz uma pessoa eleger o Tiririca. Não admiro nem um pouco seu sucesso, mas respeito sua historia de vida. Penso que cada um neste mundo tem seu papel, e o palhaço deve estar no picadeiro, e não na câmara.

As pessoas dizem que é voto de protesto, mas até onde esse protesto levou nosso país? Tenho certeza de que a maior parte da população não sabe, mas, para um deputado ser eleito, é necessário contabilizar todos os votos válidos, divididos pelo número de cadeiras para preencher na câmara, o que nos dará um quociente eleitoral de 304.533 votos. O que exceder a isso, o candidato pode “distribuir” entre outros candidatos de seu partido. Tiririca teve mais de 1 milhão e 300 votos, colocando mais 3 aliados de seu partido no poder.

 

Se analisarmos bem a situação e colocarmos em um cenário realmente político, que outro motivo um partido como o PR teria para candidatar um palhaço que, como divulgou ao mundo inteiro, nem sabe o que um deputado faz? Massa de manobra, inversão de valores e ideologia! Elegem um palhaço que não tem o mínimo de conceito político ou ideais convenientes com o partido; em troca ele consegue eleger mais 3 candidatos que não seriam eleitos pelo voto do povo. Burlando a democracia, ocultando as verdadeiras intenções e ainda deixando a população achar que está fazendo um super protesto.

 

O mais engraçado é que, como o “ficha limpa” ainda não está em vigor, o candidato eleito que distribui os votos pode ajudar a colocar no poder criminosos sem ao menos perguntar à população se é realmente isso que ela quer – sem ninguém para interferir a não ser seu partido.

Temos por obrigação civil saber pelo menos o histórico de em quem iremos votar, quais são seus ideais e aliados, pois será baseado nisso que o nosso pais será governado.

 

Já sabe em quem votar para as próximas eleições? Já conhece e concorda com o que pregam?

 

Sinceramente, não vejo a menor possibilidade de mudança de cenário com os candidatos desta eleição. Todos eles já assumiram o poder, já conhecemos a sua forma de agir, já conhecemos os seus supostos ideais. Particularmente falando, não estou satisfeita com nenhum deles. Para mim chega de taxas, imposições e falsa democracia maquiando uma ditadura sórdida.

Então em quem votar diante deste cenário? Como não ser conivente com tudo isso, protestar e não aceitar o que já está lá?

 

Caros leitores, não precisamos nem votar no Tiririca e nem eleger os mesmos de sempre (que entram junto dos “laranjas”, por assim dizer). Temos o poder do voto nulo.

Se 50,01% da população votar nulo, vai mostrar que estamos insatisfeitos com o que nos é apresentado e que nenhum dos candidatos tem competência suficiente para nos representar – não são o que desejamos. Isso ocorrendo, é feita uma nova eleição, e nenhum dos candidatos que participaram da anterior poderão se candidatar ou se eleger de alguma maneira.

Com isso, seria necessário um outro quadro político, sem colocar a mesma corja de sempre no controle de nosso país, dizendo que nos representam sem cuidar de nossos reais interesses.

Lembrem-se, votem conscientes. Analisem, pesquisem e coloquem no poder quem realmente pode fazer isso por nós. Caso não encontre o candidato correto, não vote em qualquer um só porque tem que votar. Ou, para protestar, vote nulo e demonstre sua insatisfação.

Assim protestamos sem nos prejudicarmos.

 

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OBS: Não confunda voto nulo com voto em branco

O voto em branco soma o seu voto ao candidato com maior pontuação, é um voto apático de alguém que não sabe o que quer e que é indiferente com a própria vida e nação. É o voto daquele que nunca poderá reclamar de nada, pois não contribuiu, não agregou, foi apenas indiferente. Para votar nulo, é preciso inventar um número, uma sequencia que não pertença a nenhum partido ou candidato, e então apertar “Confirma”. Pronto, você não está votando em ninguém, pois não existe alguém capacitado na eleição.

 

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Bruna Pestana Bezerra faz administração, mas escreve e sonha em abraçar o mundo. Voa alto sem tirar os pés do chão, porque tem medo de altura.

Fale com ela: bruninha_pb@hotmail.com

 

 

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Mais Gritos e Sussurros:

- Minha alma

- Seu corpo é o que você come; sua mente, o que você assiste

- Fluir

- Brasil Pandeiro?

 

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