Ano VII

O Cavaleiro Solitário

quinta-feira jul 18, 2013

 

 

 

O Cavaleiro Solitário (Lone Ranger, 2013), de Gore Verbinski

O retorno de um antigo personagem criado em novelas de rádio dos anos 1930 ocorre através da fórmula de sucesso patenteada pelo produtor Jerry Bruckeheimer. Junte o astro Johnny Depp com o diretor Gore Verbinski e o resultado é um filme com mais de duas horas de explosões, correria e piadas ao gosto dos comedores de pipoca. Alguma coisa deu muita errada com O Cavaleiro Solitário, que se traduziu no maior fracasso financeiro da Disney para a temporada de 2013. A chance desse público-alvo ter rejeitado o filme por ser tratar de um faroeste – gênero que ainda existe somente como espécie de referência histórica – pode ser uma explicação bem plausível. O esgotamento de algumas fórmulas e o encarecimento desse tipo de produção talvez explique melhor.

A verdade é que existe um bom filme perdido no meio de toda a bagunça e exagero de O Cavaleiro Solitário. De cara temos um herói típico de seriado dos anos 30 perdido em um mundo que não lhe pertence, por isso a longa demora até o personagem deixar de relutância e torna-se o que precisa ser. Misturando vários elementos do faroeste como quem faz um bolo, Gore Verbinski deixou a massa encruar em grande parte. Como se trata de um western na tradição revisionista, o vilão é um magnata da ferrovia (Tom Wilkinson), auxiliado por um perigoso fascínora (William Fichtner). O mocinho (Armie Hammer) terá como parceiro o cavalo Silver e o excêntrico índio Tonto, interpretado por um Johnny Depp menos espalhafatoso do que poderia se esperar. Destaque ainda para Helena Bonham Carter como a prostituta com uma perna mecânica.

Mais cínicos do que as suas versões anteriores, vistas em seriados de rádio e televisão e outros filmes, a dupla de protagonistas se esforça muito para se conectar com a lógica dos blockbusters. O tempo que Gore Verbinski perde com cenas intermináveis e efeitos especiais gratuitos esvazia o interesse, tornando a experiência aborrecida. O grande momento chega – e o filme se torna uma diversão de primeira – com a sequência de perseguição em cima dos trens em movimento, ao som do conhecido tema do herói (a ópera Guilherme Tell de Rossini). Pena que isso somente vai acontecer nos últimos trinta minutos de filme. Muito pouco para quem aguentou até aqui.

Leandro Cesar Caraça

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