Ano VII

Conspiração Americana

sábado mai 12, 2012

Conspiração Americana (The Conspirator, 2010), de Robert Redford

Após o assassinato de Abraham Lincoln, em 15 de abril de 1865 – e da simultânea investida contra seu vice, Andrew Johnson, e o Secretário do Estado, William H. Seward –, Jon Wilkes Booth (um conhecido ator de Maryland, o homem que atirou no presidente) é morto em um tiroteio contra os soldados e seus comparsas, presos, aguardam o julgamento, que será conduzido por um comitê de militares.

Sendo este um drama de tribunal histórico, político, com inequívocas implicações morais, Robert Redford centralizará sua narrativa (alardeadamente baseada em fatos reais) no jovem e ambicioso advogado Frederick Aiken (James McAvoy), um veterano do Exército da União. O dilema é logo exposto: tendo lutado em oposição aos Confederados (na primeira cena o vemos entre a vida e a morte, heroicamente amparando um amigo, que agonizava a seu lado), Aiken encontra-se, agora, fazendo valer a Constituição de seu país, defendendo Mary Surratt (Robin Wright): mãe de um dos acusados (o único ainda em fuga), e,  também, a proprietária da casa onde os conspiradores se reuniam.

Como não poderia deixar de ser, após o titubeio inicial, Aiken engaja-se na batalha por fazer prevalecer o direto de defesa, básico de qualquer cidadão, mesmo em tempos de guerra e forte pressão popular (eis a boa intenção do argumento).

Infelizmente, todo o ânimo de Conspiração Americana parece esgotado em seus momentos iniciais, aqueles que reconstituem a morte do célebre 16º presidente dos Estados Unidos. Seguindo estes, nota-se a impaciência com que Redford perpassa as buscas pelos suspeitos, imunizando, assim, seu suposto documento histórico de qualquer caráter folhetinesco e, rapidamente, retirando de seu centro a perseguição pelos rebeldes: o que ele almeja é um trabalho sóbrio, “relevante para os dias atuais”, onde em jogo está o abuso de poder e os perigos dele decorrentes.

Talvez o cineasta tenha, de fato, conseguido saciar sua sede. Porém, à custa de um pouco da paciência do espectador e,  também, do desperdício daquela que poderia ter sido uma boa retomada de um período mítico da história americana, tão explorado anteriormente, mas recentemente meio esquecido.

Bruno Cursini

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