Ano VII

A Moça e os Médicos

domingo out 19, 2014

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A Moça e os Médicos (Tirez la langue, Mademoiselle, 2013), de Axelle Ropert

A ação que transcorre em A Moça e os Médicos é exatamente como se descreve no título: existe uma moça (não apenas linda, mas que carrega uma aura angelical, como uma força que veio de longe e de repente aportou na terra) e ela está no meio de dois médicos, Boris e Dimitri, irmãos. E sim, ambos se apaixonam por ela.

Há o evidente acerto de casting. A cara de anjo de Dimitri encobre passagens sombrias de sua vida; o rosto rude e malvado à Jude Law de Boris encobre sua alma doce, de um homem pronto para amar; e Judite, cujo rosto pode ser, ao mesmo tempo, jovem, inocente, frágil, decidido, titubeante, afável, convidativo, cínico…

Acerto de roteiro também: quando esperamos que o “desequilibrado” tenha um rompante impulsivo na iminência do caos, é o “homem sério” que emotivamente se perde. Detalhes como esse que dão uma nuance aqui e ali para um filme que é, no fim, “cinema de qualidade”, com tudo de bom (sensibilidade, correção técnica) e de problemático (necessidade de atenuar o conflito e oferecer um caminho positivo de resolução) que tal expressão carrega.

Nuances de um lado, clichês do outro: limpar o machucado após a desilusão (alô Cidade Baixa!), um doce estupidamente lotado de açúcar a ser devorado pelo “homem amargo”, o pai ausente que é músico (o clichê do “homem sensível”)… Entre uma frequência e outra que A Moça e os Médicos trafega: ora pendendo para uma, ora para outra.

Heitor Augusto

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