Ano VII

Twixt (texto 2)

terça-feira jan 21, 2014

Virgínia (Twixt, 2011), de Francis Ford Coppola

Desde que retornou depois de um hiato de mais de uma década sem rodar nada, Francis Ford Coppola decidiu direcionar o crepúsculo de sua carreia em filmes financiados por ele mesmo. A vontade de experimentar continua forte, com resultados bons (Tetro, 2009), confusos (Velha Juventude, 2007), e agora, uma mistura de ousadia com desleixo em Virgínia (2011).

Com o novo filme, Coppola pretende brincar com o cinema digital e o efeito em 3D, presente em duas sequências de cinco minutos. A intenção era que o público percebesse o momento certo de colocar os óculos. Nos cinemas daqui, isso não foi possível graças à falta do 3D nas projeções locais. Se o truque da terceira dimensão era algo comum na década de 1950 com nomes como William Castle, a falta de pretensão narrativa em Virgínia leva Coppola de volta ao seu início, nos anos 60, quando esteve ligado com o cinema de baixo orçamento e muita invenção de Roger Corman.

A colcha de retalhos que é o roteiro aqui remete aos tempos em que Coppola trabalhou em O Terror do Castelo (1963), filme que ia sendo escrito à medida que era rodado por vários discípulos de Corman. Em Virgínia, o diretor mistura um escritor decadente (Val Kilmer), um xerife estranho (Bruce Dern), o fantasma de uma menina assassinada, sonhos, Edgar Alan Poe, vampiros, motoqueiros góticos, padres pedófilos, todos alojados em uma Twin Peaks de terceiro nível. Coppola parece ainda menos focado do que em Velha Juventude e sua mistura de Além da Imaginação, nazistas e filosofia oriental.

A palheta visual de Coppola tem seus altos e baixos, com alguns chroma key indignos de seu nome. A vontade parece ser a mesma de quando aprontou O Fundo Coração (1982) ou Drácula de Bram Stoker (1992), dois dos filmes mais esteticamente rebuscados da sua filmografia. O fôlego, porém, mostra não ser mais o mesmo. Virgínia é um filme de certo ponto preguiçoso, típico de um velho cineasta que acredita que o digital vai lhe favorecer. As experimentações de Copolla soam forçadas, vazias ou mesmo desleixadas, e se não a ponto de não dizerem nada eventualmente, possuem um gosto próprio de decepção.

Leandro Cesar Caraça

 

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Texto de Bruno Cursini

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