Ano VII

Suzanne

segunda-feira out 21, 2013

Suzanne (2013), de Katell Quillévéré

Suzanne é um filme fofo sem sê-lo. Explico-me: trata-se de um filme bonito, com amor intenso (entre irmãs, entre pai e filhas, entre amantes), com idas e vindas, encontros e desencontros, de fotografia passando perto de brincar de filtro do Instagram, mas jamais se rendendo à artificialidade, ao hipster, ao indie rock para suavizar a dor ou explicitar um sentimento da personagem.

Isso porque Katell Quillévéré desenvolve uma dramaturgia muito focada na ação. Numa narrativa elíptica que tenta cobrir um período extenso na vida de suas personagens, prefere sempre as cenas que significam algo pela ação de seus personagens, não na explicação.

Poucas cenas descritivas e uma confiança de que o que está no plano trará a informação, enquanto a inteiração entre os atores se encarregará do sentimento, dando a dimensão do que está em jogo nas relações entre Suzanne, sua irmã e grande parceira Marie, o pai Nicolas e o grande amor de Suzanne, Julien.

Conta a favor também a postura de Katell em não julgar seus personagens, mas que nem por isso desvia para uma postura blasé. Além da força do elenco, em especial François Damiens, o grande coadjuvante do cinema belga contemporâneo, e da protagonista Sara Forestier. E apesar de o filme ser sobre Suzanne, não dá para deixar de apontar que Adèle Haenel, que já havíamos visto em Lírios d'água e L'apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância, é adorável em cena.

Até mesmo a conciliação que o filme faz – o primeiro plano é do amor incondicional, o último do amor possível – não incomoda porque é honesto com um filme que nem apontava para o happy end, nem para a destruição completa de seus personagens.

Heitor Augusto

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