Ano VII

Os Belos Dias

quarta-feira out 16, 2013

Os Belos Dias (Les Beaux Jours, 2013), de Marion Vernoux

O cinema francês é prolífico em comédias românticas feitas à maneira das hollywoodianas, mas com maior sofisticação (personagens intelectualizados e com hábitos finos, música e vinho que refletem um repertório sofisticado etc.). Tais filmes geralmente são inofensivos, mas contraindicados para quem dá valor ao tempo livre.

Vejamos o caso de Os Belos Dias, sucesso comercial recente na França. O filme conta a história de Caroline, uma ex-dentista de 60 anos que tem um caso extraconjugal com Julien, um quase quarentão, professor de informática num clube para aposentados (que Caroline chama de casa de repouso).

A coisa melhora um pouco se levarmos em conta que Caroline é vivida por Fanny Ardant, atriz que brilhou sob a direção de François Truffaut (seu marido) em A Mulher do Lado (1981) e De Repente Num Domingo (1983).

Ela continua cheia de charme, e talvez esteja melhor que antes como atriz. Podemos pensar que por ela talvez valesse a pena perder uma hora e meia de nossas vidas. Mas não é o suficiente para que o filme deixe de ser um daqueles produtos que nos chegam aos montes, para plateias descompromissadas, que nem vão lembrar o que viram dias depois.

Irrita particularmente o tratamento dado ao personagem do quase quarentão, interpretado por Laurent Lafitte, que está o tempo todo entre o cafajeste e o boçal. Entende-se perfeitamente porque ele se sente atraído por Caroline, mas ele se apresenta vazio demais para uma mulher como ela.

Por outro lado, o marido (negligenciado tanto por ela quanto pela narrativa) é levado com brio por Patrick Chesnais, um grande e ainda subvalorizado ator francês. Sua compreensão diante do caso da esposa, abrindo a guarda para uma inevitável explosão mais adiante, fazem com que o personagem tenha um potencial que não parece de todo bem explorado.

Sérgio Alpendre

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