Ano VII

Homem de Ferro 3

terça-feira mai 14, 2013

Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), de Shane Black

Findada a primeira etapa com The Avengers – Os Vingadores (Joss Whedon, 2012), o Marvel Studios começa sua segunda fase de adaptações com Homem de Ferro 3. Os personagens fixos da série ressurgem, seja Tony Stark, novamente interpretado com gosto por Robert Downey Jr., a sua amada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), os parceiros Capitão James Rhodes (Don Cheadle ) – agora como o emblemático Patriota de Ferro – e Happy Hogan (Jon Favreau, aqui apenas como ator). Mudança significativa foi a saída de Favreau da cadeira de diretor – boatos falam de divergências com o alto escalão de executivos durante as filmagens de Homem de Ferro 2 – e sua substituição por Shane Black, roteirista de Máquina Mortífera (Richard Donner, 1988) e diretor de Beijos e Tiros (2004) que resgatou Downey Jr. do quase ostracismo.

A mudança da chefia não significou uma aventura mais série e metida, ao estilo Christopher Nolan, como muitos acreditavam que aconteceria. Black mantém seu gosto por grandes cenas de ação e piadas recheando o roteiro. A quantidade encontrada aqui acaba sendo até maior do que nos dois capítulos anteriores, dirigidos por Favreau. Essa atitude acabou por enervar os fãs mais fundamentalistas de quadrinhos, que esperavam algo dramático e épico, pois o filme se passa logo após a invasão de alienígenas mostrada no filme dos Vingadores. De maneira inteligente, a Marvel, junto de Shane Black e do astro Robert Downey Jr, não tentaram fazer algo maior e mais barulhento. Mudaram a direção ao decidirem fazer de Homem de Ferro 3, um filme de Tony Stark, com Downey Jr. vestindo o traje metálico do herói por menos tempo.

Se frustrou os nerds, conquistou o público leigo que sabe muito bem qual é o protagonista mais carismático entre todas as produções do Marvel Studios. Sozinho, Downey Jr. arrecada quase tanto os Vingadores reunidos. A predominância de Tony Stark em cena não torna Homem de Ferro 3 um filme menos divertido. Ver o então cientista playboy milionário agora dando uma de James Bond genérico não atrapalha, e além do mais, todas as cenas onde o herói de lata aparece são ótimas, esbanjando criatividade e sem se levar a sério demais. A sequência do resgate aéreo é por enquanto, o grande momento de aventura de 2013. Pode-se dizer que Shane Black levou Tony Stark para o universo de Máquina Mortífera, não faltando nem mesmo o embate final no cais portuário.

Em meio aos tiros, pessoas explodindo, prédios desabando e dezenas de armaduras em cena, o roteiro de Black brinca com a paranóia dos EUA, com as forças governamentais que busca terroristas nos confins do mundo sem perceber que o ataque é interno. Chega ao cúmulo de colocar o presidente deles (interpretado por William Sadler) vestindo o traje do Patriota de Ferro. Seria uma brincadeira? Pura arrogância? Pode ser os dois, e gera uma discussão mais interessante do que essa dos nerds reclamando da forma como Black retratou a figura do Mandarim (Ben Kingsley, impagável).

Leandro Cesar Caraça

 

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