Ano VII

Roubo Nas Alturas

segunda-feira jul 16, 2012

 

Roubo Nas Alturas (Tower Heist, 2011), de Brett Ratner

Roubo nas Alturas, de início, parece partir das seguintes questões: de que maneira alguns derrotados (assalariados, em outras palavras), destituídos de maiores capacidades físicas e intelectuais, poderiam organizar-se para tentar operar um grande plano de furto? E quais seriam as razões para tamanha investida?

Brett Ratner (e seu grupo de roteiristas), como era de se esperar, não se preocupa realmente com nenhuma delas, ou melhor, até que sim, mas tão e somente para que as atitudes de seus personagens possam ser moralmente justificadas para, assim, termos uma inofensiva comédia de vingança robinhoodiana. 

Ben Stiller é Josh Kovaks, gerente do mais sofisticado prédio residencial de Manhattan, mui presunçosamente chamado de “The Tower”. Após o FBI prender Arthur Shaw (Alan Alda), magnata investidor da Bolsa de Valores de Nova York e morador da cobertura do edifício, acusado de fraude no sistema financeiro, os funcionários do prédio entram em desespero, pois era ele o responsável pelo fundo de pensão de toda a equipe, que agora, além de tudo, encontra-se na rua.

Josh fora o responsável por isso, uma vez que tinha em Shaw uma espécie de espelho idealizado: um homem que, como ele, viera do subúrbio, mas diferentemente deste pobre zelador de luxo, conquistara imensa fortuna e grande respeito. Com a tentativa de suicídio de um dos membros de sua antiga equipe, é ele quem decide chamar Slide (Eddie Murphy), um pequeno malandro que se faz passar por valente bandido, para ajudá-lo a descobrir o destino do dinheiro desviado.

Completando a gangue, alguns outros antigos funcionários e até mesmo um ex-morador (Matthew Broderick), agora falido. Juntos, traçam o esquema para invadir o apartamento do fraudador e reaver o dinheiro subtraído.

Pelo fato de ter sido rodado majoritariamente na Trump Tower, é inevitável fazer a piada de que seria divertido colocar Donald (não o pato, mas o apresentador de TV) no lugar do milionário fictício, e igualmente fácil seria desqualificar o filme como mera versão cômica de Onze Homens e Um Segredo (Ted Griffin, roteirista, e Casey Affleck, ator, participaram dos dois). Ainda mais absurdo seria esperar de Ratner (diretor famoso por A Hora do Rush, afinal), qualquer coisa em acordo com o movimento Occupy Wall Street.

Tentemos ver Roubo Nas Alturas por aquilo que é: uma comédia rasteira e inconseqüente de assalto e justiça, cujo enredo não resvala em qualquer crítica à atual crise econômica americana. O que ele quer – e o faz, com a habilidade e a segurança de profissionais bem pagos – é divertir, faturar e sumir, imediatamente, sem deixar rastros. 

Bruno Cursini

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