Ano VII

O Espetacular Homem-Aranha

sexta-feira jul 13, 2012

O Espetacular Homem Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012), de Marc Webb

Cinco anos após Sam Raimi dirigir o último exemplar da série do herói aracnídeo surge uma nova franquia, disposta a recontar do início a saga do mais famoso personagem da Marvel Comics. Atitude essa que causou desagrado aos fãs dos filmes de Raimi – aos quais não me incluo – e deixou em questão a necessidade de um reboot para uma série que começou em 2002.

Sem sentido para alguns, perfeita estratégia mercadológica para outros. O novo Homem-Aranha está mais de acordo com o público jovem dos cinemas, diferente da versão de Raimi, que procurava uma gama maior de espectadores. Para isso é preciso que exista um interesse amoroso, que atraia também as plateias femininas. Um eficiente jogo de marketing, que além de conseguir vender o velho como se fosse o novo, resultou numa aventura superior às anteriores, em todos os aspectos.

Marc Webb (de 500 Dias Com Ela) não é Sam Raimi, mas ao contrário dele, não se mostra nada desconfortável comandando uma superprodução. Se não tem a criatividade do diretor de A Morte do Demônio, ao menos consegue extrair de um roteiro previsível um produto mais coeso, enxuto e agradável. As diferenças em relação à série anterior conseguem consertar os erros do passado.

A começar pelas escolhas de Andrew Garfield como Peter Parker e Emma Stone como Gwen Stacy, bem melhores do que os insossos Tobey Maguire (e seu festival de caretas) e Kirsten Dunst (reduzida a choro e gritos). A dinâmica do casal é o que de melhor esta nova versão possui, permitindo que o público se interesse por eles. Se a obrigatoriedade de acompanhar novamente a origem do herói pode cansar um pouco, o frescor da atual abordagem compensa. Peter Parker, desta vez, se parece mesmo com um adolescente dos dias atuais e Garfield ganha a empatia do público facilmente. Sua vantagem em relação a Maguire é evidente, bastando ver a sequência onde o Parker se mostra assustado com os seus novos e aguçados sentidos.

No que se refere aos efeitos especiais, o personagem deixou de ser um simples boneco de CGI e cenas com dublês ganham espaço; o filme em nenhum momento corre o risco de se tornar um videogame. O ponto fraco são as conveniências de um roteiro que quer correr com as coisas, colando pedaços da trama de forma muito simplista, pois perdeu-se uma hora só recontando a mesma história da origem.

Comparações entre as versões de Raimi e Webb são mesmo inevitáveis, mas não se deve julgá-las buscando qual se mostrou o mais fiel ao material dos quadrinhos. Diferenças e fidelidade existem em ambas, com a vantagem de que é mais fácil se reutilizar de propostas que já deram certo ao longo de 50 anos de publicação.

A tal propagada "história nunca contada" diz respeito ao mistério envolvendo os pais de Peter Parker, um elemento introduzido nos quadrinhos na última década e que dividiu opiniões. No cinema servirá para criar o elemento base para a nova trilogia, semelhante à jornada de auto-descoberta de Harry Potter em sua própria série. Como se percebe, mudam os filmes e os personagens, mas as fórmulas continuam idênticas. O que não funcionou muito bem nos gibis, deve ter bons resultados na tela. No final das contas, este novo filme do Homem-Aranha cumpre bem seu papel.

Leandro Cesar Caraça

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