Ano VII

Adorável Pivellina

quinta-feira mai 31, 2012

Adorável Pivellina (La Pivellina, 2009), de Tizza Covi e Rainer Frimmel

Na segunda metade dos anos 1980, com o começo da popularização das câmeras de vídeo, surgiu uma variação da velha prática de tirar fotos de crianças para depois vendê-las para os pais, aproveitando-se que estes estavam embevecidos de ver suas crias fazendo poses e esbanjando charme na tela. Eram as fitas de vídeo, em que as crianças ficavam brincando, desenhando, maravilhando-se com cachorros, diante de uma câmera que as registrava nessas pequenas ações.

Pois o que vemos em Adorável Pivellina é uma variação um pouco mais elaborada dessas fitas, transformada pelo oportunismo de ocasião em um longa metragem. O drama é inserido mais para disfarçar: menina de três anos é abandonada em um parque e passa a ser criada por uma família de trabalhadores circenses, que espera a qualquer momento por uma pista dos verdadeiros pais.

A tal pivellina é uma graça, e atende pelo nome de Asia Crippa. Durante 70% do filme vemos essa pequena menina fazendo a mais variada sorte de gracinhas, compondo uma senhora fita para pai nenhum botar defeito. E é fácil imaginar quantos pais postiços comprarão essa história simples e, em alguns momentos, agradável. Mas Adorável Pivellina é limitado por esse aspecto video-infantil, que confere à história um toque de faz-de-conta. Acrescido de uma câmera à irmãos Dardenne que em vez de colocar o filme numa rota dramatúrgica mais clara, reforça o aspecto amadorístico de vídeo para papais orgulhosos comprarem.

Sérgio Alpendre

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