Ano VII

Minhas Tardes com Margueritte

sexta-feira abr 13, 2012

Minhas Tardes com Margueritte (La Tête en Friche, 2010), de Jean Becker

No novo filme do veterano cineasta Jean Becker (filho do grande Jacques Becker), o incansável Gérard Depardieu é um simpático feirante de meia-idade, em uma pequenina cidade francesa, estabelecendo uma improvável amizade com uma idosa – a tal Margueritte do título nacional. Acima das diferenças entre gerações, está a ignorância dele frente aos conhecimentos históricos e culturais da agradável senhorinha. Juntos, irão enriquecer suas vidas com a alta literatura e criar um essencial laço afetivo.

Como no sucesso anterior de Becker, Conversas Com Meu Jardineiro, o que está em jogo é a necessidade de reconhecer em alguém superficialmente diferente de você, elementos e qualidades que possam te tornar “uma pessoa melhor”. Também como lá, qualquer início de conflito é imediatamente apagado, não sobrando espaço para aquilo que, de outra maneira, surgiria como uma melosa explicação psicanalítica sobre o tumultuoso envolvimento do pobre diabo de bom-coração com sua mãe.

Destinado para um público bastante específico (mulheres na idade entre os dois protagonistas, sem maiores interesses em cinema), Minhas Tardes com Margueritte funciona como uma inócua sessão de hora e meia em frente à televisão – neste caso, sendo um tantinho melhor, com o ingresso devidamente economizado (mesmo que ele seja no valor de uma meia-entrada, evidentemente).

Bruno Cursini

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