Ano VII

The Head Cat

terça-feira nov 29, 2011

The Head Cat – Walk the Walk… Talk the Talk (2011)

Supergrupos na história do rock estiveram geralmente ligados ao estilo mais em voga na época de sua formação, o que não ocorre com o Head Cat. Uma explicação para essa característica típica do projeto paralelo de Lemmy está na origem dos músicos: Slim Jim Phantom e Danny B. Harvey foram nos anos 80 figuras importantes no movimento neo-rockabilly. Slim Jim principalmente, claro, nas baquetas do Stray Cats; mas Danny B. marcou território na cena rocker como guitarrista dos Rockats. A força que dá notoriedade ao trio, entretanto, é mesmo Lemmy, eternamente associado ao pesadíssimo Motörhead, banda de sua vida, mas que sempre fez questão de mencionar seu amor pelo rock & roll original dos anos 50.

Após um primeiro álbum morno – lançado em 2000 como Lemmy / Slim Jim / Danny B e relançado seis anos depois com o nome do supergrupo e o título Fools Paradise – o trio voltou à cena para uma nova gravação no mesmo estilo: a revisitação de clássicos da primeira leva do rock. Desta vez as coisas estão mais animadas. Reconheço que fiquei decepcionado com o informal disco de estreia, e explico: quem tem real interesse no rock & roll original e mesmo no revival do estilo espera uma espontaneidade e uma entrega que simplesmente não está presente em releituras de determinados artistas, o que não é o caso destes músicos. Já Walk the Walk… Talk the Talk tem suas limitações, e tem momentos em que a coisa não ferve como deveria, mas você ouve um Lemmy muito mais apaixonado em várias faixas, como na autoral “American Beat”, ou na versão de “Say Mama”, conhecida na voz de Gene Vincent. Também digna de nota é a devoção de Lemmy cantando Chuck Berry em “Let It Rock” ou revisitando os Beatles que tanto o impressionaram ao vivo no Cavern Club em 1963. Do quarteto de Liverpool há “You Can’t do That” e ainda “Bad Boy”, rockão de Larry Williams que os Fab Four mostraram ao público mundial e Lemmy deve ter ouvido pela primeira vez como uma descrição de si mesmo naquelas noites do Cavern.

Walk the Walk… Talk the Talk é um bom disco de rock & roll – jamais cometa a bobagem de chamar este som de rockabilly – que pode não fazer toda a diferença do mundo para os fãs do Motörhead, nem para os rockers cinquentistas (eu me incluo nas duas categorias), mas vai animar as melhores noites etílicas dos aventureiros urbanos. Aliás, com essas três figuras, que trabalho não o faria? Ah, sim: talvez o primeiro do HeadCat…

Ricardo Alpendre

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